O movimento Zero Desperdício aproveita os bens alimentares que antes acabavam no lixo. Cerca de três mil pessoas em situação de carência já foram ajudadas.
Primeiro foi necessário conseguir a reinterpretação da lei que impedia a recuperação de refeições já preparadas – para acabar com o desperdício de milhares de quilos de alimentos em Portugal. Com a ajuda da ASAE e de uma empresa de segurança alimentar, a associação Dariacordar conseguiu definir os «procedimentos e as boas práticas» que garantem a segurança destas refeições.
A partir daí, nasceu o Movimento Zero Desperdício com a missão de contactar e por em contacto as entidades interessadas, ou seja, as diversas entidades de apoio social e as empresas ou entidades dadoras. Este projeto deu origem a uma imensa rede que distribui e reaproveita refeições que, anteriormente, iam parar ao lixo.
Em menos de um ano, o movimento Zero Desperdício já recuperou o equivalente a 277.600 refeições em Portugal. Neste momento, a área de atuação abrange Loures, Sintra, Cascais, e seis freguesias de Lisboa.
Quanto aos dadores, são já cerca de cem, entre restaurantes, hospitais, hotéis, escolas e até entidades governamentais como a Assembleia da República ou o Banco de Portugal. Um dos parceiros mais recentes é o Colégio Militar, que já está a ceder refeições para a zona de Benfica.
António Costa Pereira, presidente da Dariacordar, faz questão de sublinhar que este «não é um movimento que assenta na caridade, mas sim um conceito que traz vantagens sociais, económicas e ambientais».
O Parlamento Europeu sugeriu à Comissão Europeia que 2014 seja proclamado Ano Europeu contra o Desperdício Alimentar. A proposta ainda está em análise. «Caso 2014 seja designado dessa forma, Portugal, com o bom exemplo que deu com este projeto social, receberá muitos congressos conectados com a temática do desperdício alimentar e, desta forma, ajudaremos a dar um impulso à nossa economia», diz António Costa Pereira.
O formato simples deste modelo de recuperação de alimentos garante o sucesso do projeto que já captou a atenção da Food and Agriculture Organization (FAO).