Alunos do Básico e do Secundário são desafiados a colocarem-se na pele de um refugiado e a arrumarem a sua mochila como se fugissem da guerra. «E se fosse eu?» hoje nas escolas
O que é ser refugiado? O que se sente quando se tem de partir e deixar tudo para trás? O que levar quando se foge da guerra? O que colocar na mochila? Hoje, 6 de abril, os alunos do Ensino Básico e Secundário podem pensar nestas questões.
A campanha «E se fosse eu?» desafia os estudantes a colocarem-se no lugar de um refugiado e a decidirem o que levariam consigo se fossem obrigados a fugir da guerra.
A iniciativa, lançada no Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, parte da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), da Direção-Geral da Educação, do Alto-Comissariado para as Migrações e do Conselho Nacional da Juventude. Todos podem pensar no assunto. Todos podem participar nas suas escolas.
No site da campanha, explica-se a essência deste exercício que obriga crianças e jovens a colocarem-se no lugar do outro e a perceber que há realidades duras de sentir. Trata-se, no fundo, de «um exercício de empatia com quem foge da guerra na Síria e procura proteção humanitária». «Perceber o que quer dizer deixar tudo para trás, ter de selecionar o que é mais importante e viver só com uma mochila numa jornada de perigos e de incertezas. Refletir e debater sobre o que gostaríamos de encontrar se vivêssemos esta situação», lê-se no site.
Hoje, na primeira aula do dia, as cerca de 600 escolas que aderiram a esta iniciativa podem incentivar os seus alunos a pensar como arrumariam a sua mochila se tivessem de fugir da guerra, sair de casa e deixar o seu país. «É isso que acontece às famílias de refugiados que partem da Síria, deixando tudo para trás», refere Rui Marques, coordenador da PAR, em declarações à a gência Lusa, acrescentando que esta campanha pretende «sensibilizar a opinião pública, em particular os jovens estudantes» sobre «o que quer dizer ser refugiado». «Quando somos colocados perante esta experiência, ainda que simulada, de que temos de deixar tudo para trás e que a nossa vida e os nossos bens se resumem àquela mochila, percebemos um pouco melhor o que significa a vida destes refugiados», sublinha o responsável.
O vídeo da campanha mostra gente de carne e osso que teve de fugir do seu país e que conta o que colocou na sua mochila. A iniciativa inspira-se, aliás, no projeto What’s in My Bag promovido pelo Rescue Comitee em colaboração com o fotógrafo Tyler Jump que, na ilha de Lesbos, na Grécia, fotografou pessoas que fugiram da guerra e que revelaram o que puseram nas suas mochilas.
Omran de 6 anos é um dos exemplos. Fugiu da Síria e colocou na mochila um par de calças, uma t-shirt, pensos rápidos, sabão, pasta e escova de dentes e os seus snacks favoritos. Iqbal, de 17 anos, fugiu do Afeganistão. Não quer que saibam que é refugiado, quer andar com o cabelo espetado e que a sua pele esteja sempre branca. Colocou na mochila gel, um pente, um corta-unhas, um par de calças, um par de sapatos, meias, uma t-shirt e algum dinheiro. Há ainda Aboessa, mãe de 20 anos, que fugiu de Damasco, Síria, e que colocou na mochila medicamentos para proteger a sua filha de ficar doente, comida para bebé, o boletim de vacinas, pasta dos dentes e pouco mais.
Mais informações em www.esefosseeu.pt