Nelson Mandela foi um homem de gestos. Como este: apenas aceitou sair da prisão quando recebeu garantias de que todos os outros prisioneiros políticos seriam libertados como ele
Nelson Mandela foi um homem de gestos. Como este: apenas aceitou sair da prisão quando recebeu garantias de que todos os outros prisioneiros políticos seriam libertados como ele. O advogado e ativista acreditou na luta pela libertação de todo um povo.
Depois de 27 anos preso, foi eleito o primeiro Presidente negro na África do Sul. O seu legado vai muito além do seu país e do tempo em que viveu.
Quando anunciou que deixava a política, Nelson Mandela fê-lo com a mesma naturalidade com que dizia: «Toda a gente morre.» Escolheu deixar a presidência da África do Sul no fim do primeiro mandato dois anos depois de decidir abandonar a liderança do Congresso Nacional Africano (ANC), que transformou num farol da luta de libertação do seu país. Na sombra, manteve uma atividade pública, por vezes próxima da política. Estávamos em 1999.
Cinco anos depois, com 86 anos, anunciou brincando que ia «reformar-se da reforma». Era a sua maneira de dizer que desta vez era mesmo de verdade. «Não me telefonem, eu telefono-vos», disse na altura num encontro com jornalistas. «Não lhe telefonámos», escreveu o jornalista Ido Lekota em 2010 no jornal The Sowetan, «mas a sua figura «maior do que a vida» continua a pairar sobre a nossa democracia e o panorama político» da África do Sul, acrescentou.
Hoje, três anos depois, Ido Lekota continuaria provavelmente a escrever o mesmo do líder da luta anti-apartheid, preso durante 27 anos por lutar contra o regime segregacionista da África do Sul, que foi Prémio Nobel da Paz (com Frederik de Klerk) em 1993 e primeiro Presidente negro da África do Sul eleito um ano depois. «O estadista mais amado» do mundo, como se lhe referiu em tempos o New York Times, esteve internado este ano, com uma infeção pulmonar, como o foi várias vezes nos últimos dois anos.
Deixa uma obra completa: um país que imaginou e criou a partir de um ideal.
Faleceu esta quinta-feira, com 95 anos, na sua casa em Joanesburgo.
Recorde «Invictus» – o filme de Clint Eastwood sobre Nelson Mandela