Um grupo solidário criado através das redes sociais alimenta cerca de 900 pessoas carenciadas na ilha de São Miguel, um apoio anónimo que já se estende para além da alimentação
Um grupo solidário criado através das redes sociais alimenta cerca de 900 pessoas carenciadas na ilha de São Miguel, um apoio anónimo que já se estende para além da alimentação e junta dezenas de voluntários, particulares, comerciantes e empresas.
«Começámos com 60 pessoas e atualmente apoiamos cerca de 900. E neste momento, infelizmente, não temos capacidade para responder a muito mais», disse à Lusa Sónia Borges de Sousa, que integra o projeto Info Solidário.
O projeto arrancou no final de outubro de 2012 e nasceu na rede social Facebook depois de uma professora ter colocado um ‘post’ onde manifestava preocupação por ter uma aluna que evidenciava graves carências alimentares. «Houve um grupo de cidadãos que achou que o Facebook não deveria servir apenas para criticar, mas que também, através de uma rede social, se poderia fazer um projeto e algo em prol da comunidade», acrescentou Sónia Borges de Sousa, revelando que desde então são «muitos os anónimos que semanalmente doam bens».
O Info Solidário já apoia cerca de 900 pessoas carenciadas, referenciadas pelas juntas de freguesia e, nalguns casos, por assistentes sociais ou instituições de solidariedade social.
Graças ao envolvimento de «dezenas» de voluntários, o projeto tem vindo a crescer e já existem em São Miguel, nos Açores, quatro núcleos com o nome de Info Solidário, «um abrangendo São José e Matriz, outro em São Pedro» (concelho de Ponta Delgada) e outro na «Ribeira Grande e ainda Rabo de Peixe», segundo Sónia Borges de Sousa.
Existe ainda o projeto Fajã de Baixo Solidária que nasceu dentro do Info Solidário. «Face às carências alimentares e ao número de pessoas que rapidamente nos apercebemos que existiriam, aquilo que nos pareceu mais lógico, quer também pelo equilíbrio alimentar, seria a distribuição de uma sopa, daí que o primeiro bem que tenhamos começado por distribuir tenha sido exatamente as sopas», explicou, acrescentando que a distribuição é feita todos os sábados.
A voluntária sublinha que o Info Solidário «não é um projeto de sopas», mas «é muito mais do que isto», destacando «a relação de amizade» entre os voluntários e as pessoas apoiadas.
Além da alimentação, o Info Solidária chega a apoiar pontualmente grávidas com enxovais para os seus bebés, doentes que precisam de próteses ou na aquisição de óculos, disponibilizando ainda apoio jurídico e tentando encaminhar os desempregados para ofertas de emprego que possam surgir.
Feijão, leite, iogurtes e pão são alguns dos donativos, mas a grande percentagem dos legumes para as sopas vem dos comerciantes do mercado da Graça, em Ponta Delgada, que doam os aquilo que não conseguem guardar para venda. Segundo Sónia Borges de Sousa, os ‘stocks’ são «muito bem geridos» para que todas as semanas seja possível disponibilizar «sopas equilibradas».
No caso dos idosos, a entrega das refeições é feita ao domicílio e estes têm sempre refeições completas, de acordo com a estrutura do programa em Ponta Delgada.
«A sopa e o pão está assegurado semanalmente também para as outras pessoas. Depois, e intercaladamente, numa semana damos o segundo prato e na outra semana ou damos leite e cereais ou damos iogurtes e bolachas», explicou, indicando que quando é possível é também disponibilizada fruta, isto no caso de Ponta Delgada.
Até há bem pouco tempo, as sopas eram confecionadas, no caso de Ponta Delgada, por voluntários, mas este trabalho passou a ser feito numa cozinha industrial disponibilizada por uma empresa.
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