O ano de 2015 será crucial no plano internacional, uma vez que se concluem várias agendas fundamentais e se traçam novos parâmetros que irão pautar a ação global nas próximas décadas
Em Setembro, nas Nações Unidas, será definida e aprovada a nova Agenda global para o Desenvolvimento, que pretende responder através de metas concretas aos principais desafios da humanidade na construção de um mundo mais justo, inclusivo, seguro e desenvolvido. Os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — que substituem os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio — tentarão incorporar uma agenda universal e diversificada, abrangendo desafios que vão desde a igualdade de género, o acesso a uma saúde e educação de qualidade, o respeito pelo ambiente, o trabalho digno ou as questões da governação e justiça. Tudo indica que, pela primeira vez, um dos objetivos tenha uma meta zero, ou seja, acabar com a fome e pobreza extrema no mundo, no espaço de menos de uma geração.
O Secretário-geral das Nações Unidas, Ban-ki Moon, apresentou já uma versão informal do seu relatório síntese, intitulado «The Road to Dignity by 2030: Ending Poverty, Transforming All Lives and Protecting the Planet», que visa contribuir para estas negociações. Estão ainda a decorrer vários processos de consulta pública, em que todos podemos votar nas prioridades para o futuro, através do portal MYWorld 2015. Os compromissos assumidos por todos os países relativamente aos ODM foram também compromissos assumidos por Portugal, e assim será também no quadro dos ODS, existindo uma posição portuguesa sobre as negociações em curso.
A 3ª Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento, a ter lugar em Julho de 2015, em Adis Abeba, Etiópia, será também um momento do ano a destacar, uma vez que se perspetivam grandes desafios para a implementação e financiamento desta agenda global.
Em Dezembro, em Paris, espera-se que os líderes mundiais concluam o novo acordo global sobre o Clima, definindo metas concretas que substituam o Protocolo de Quioto e incorporem uma visão mais ambiciosa para a diminuição da poluição, mitigação das alterações climáticas e proteção do ambiente.
Este ano representa ainda o término da Plataforma de Ação de Pequim, acordada em 1995 para um horizonte temporal de 20 anos, e que constitui hoje um dos principais quadros de referência para a promoção da igualdade de género e o empoderamento das mulheres. O reconhecimento das mulheres como agentes de desenvolvimento contrasta com as diversas violências e discriminações de que as meninas e mulheres são sujeitas em muitas partes do mundo.
A consagração de 2015, pela União Europeia, como o Ano Europeu para o Desenvolvimento surge não só num momento crucial para debater e refletir sobre o Desenvolvimento, mas é também uma oportunidade para salientar o trabalho desenvolvido por muitos cidadãos e organizações em prol de um mundo melhor.
Que o Ano Europeu sirva para motivar e inspirar as pessoas em Portugal a exercerem a sua cidadania global numa lógica de solidariedade e responsabilidade, todos os dias.