A campanha de crowdfunding «My First Camera» foi lançada no passado dia 24 de junho e vai durar até 24 de julho. O objetivo é chamar a atenção para as crianças de Kibera e criar um livro de fotografias cujas vendas vão reverter para os meninos e meninas que vivem naquele que é considerado o maior bairro de lata do continente Áfricano.
Em entrevista ao jornal Público, Natalia Jidovanu, luso-moldava de 28 anos, responsável pelo «My First Camera”, explicou no que consiste este projeto inovador.
A psicóloga quer que sejam as crianças deste subúrbio a contarem a sua história, os problemas que vivem, as injustiças que sentem, através da fotografia. Para que o projecto se possa concretizar, Natalia lançou uma campanha de crowdfunding na plataforma IndieGogo, na qual pede 7 500 dólares (cerca de 5 500 euros) até 24 de Julho.
A partir do Quénia, a jovem –? que nasceu na Moldávia e veio para Portugal, aos 16 anos, com os pais –? desenvolveu um conceito para poder ajudar as crianças de Kibera, com as quais teve um primeiro contacto durante um outro projecto pessoal de fotografia documental.
Nesta entrevista, feita por email, Natalia descreve a vontade de proporcionar a, pelo menos, dez crianças «uma oportunidade valiosa de educação e expressão artística que, de outra forma, nunca lhes será acessível». «Através da participação no projecto, as crianças irão adquirir competências de comunicação e auto-expressão, melhorando a auto-confiança, alargando os seus horizontes e afirmando o seu lugar numa sociedade que se esqueceu da sua existência», continua a jovem com dupla nacionalidade.
Em Kibera –? onde «as casas, coladas umas às outras, com um tamanho médio de nove metros quadrados, têm apenas uma divisão sem janelas e chegam a ser abrigo para oito ou mais pessoas» –, as crianças «brincam nos rios de lama e de lixo, cheiram cola» e, muitas vezes, nunca saíram do bairro. As máquinas fotográficas que Natalia pretende introduzir na comunidade serão, para muitas, as primeiras que vão ter (e ver).
Do plano de Natalia para «My First Camera» constam sessões de trabalho semanais nas quais «as crianças serão guiadas para entender a fotografia como uma ferramenta poderosa para denunciar injustiças, transmitir mensagens, mobilizar pessoas e incentivar mudanças sociais». As fotografias produzidas semanalmente serão discutidas em grupo, ao mesmo tempo que são apresentadas noções de «storytelling» e casos de «artistas locais que nasceram ou viveram em condições semelhantes».
O objectivo final é reunir o trabalho de todos os participantes num livro de fotografia, cujas vendas revertam «em benefício dos interesses das crianças», nomeadamente no campo da educação. «Não menos importante», sublinha, é o facto de o projecto pretender «alertar a comunidade internacional para a situação destas crianças, impulsionando uma mudança positiva nas suas vidas».
Saiba mais sobre este projeto no
facebook