Nasceu em 28 de Julho de 1951 em Águas Santas (Porto) e pensou ser frade, monge tibetano ou médico: «queria sobretudo ser útil ao outro»
Nasceu em 28 de Julho de 1951 em Águas Santas (Porto) e pensou ser frade, monge tibetano ou médico: ?queria sobretudo ser útil ao outro?. Escolheu medicina ainda que o pai quisesse que fosse para economia ou farmácia para se dedicar à empresa. Era estudante ainda, tinha 21 anos, quando o pai, António Emílio Portela, faleceu, e teve de se começar a interessar pela Bial. Durante 3 anos foi médico no hospital de São João, e deu aulas, de Psicofisiologia, na Faculdade de Medicina do Porto durante seis anos. Até 1978 o seu projecto de vida era vender a participação que tinha na Bial e ir para Cambridge fazer um doutoramento. Como o irmão mais velho, que então geria a empresa, não lhe comprava a participação e assumia claramente a liderança, Luís Portela deixou-se seduzir pelo negócio e acabou por comprar as acções dos outros accionistas.
Mobilizou as suas poupanças, pediu dinheiro emprestado e, com o método que coloca em tudo o que faz na vida, elaborou um plano um plano para pagar as dívidas num prazo de seis a sete anos, mas ao fim de três anos tinha tudo pago. Luís Portela é neto do fundador da Bial, Álvaro Portela, que em 1924 se tornou o único proprietário da empresa, que cinco anos antes fundara com um sócio.
A estratégia que pensou para a Bial tinha por objectivo fazer uma empresa farmacêutica portuguesa que tivesse capacidade de inovação. Por isso, como costuma explicar, foi procurar a inovação onde ela estava, as multinacionais: ?naquela altura, as empresas portuguesas apresentavam cópias; eu procurei licenciar novas tecnologias, novos medicamentos com empresas multinacionais para trazer para Portugal. A empresa nunca apostou nas cópias, como não está agora a apostar nos genéricos. E quando as coisas correram bem em Portugal, lançámo-nos para África, América Latina, Espanha?. A coroa de glória desta concepção está no anti-epiléptico Zebinix, o primeiro medicamento português, que se construiu ao longo de 15 anos, e cuja comercialização se iniciou em 2010.
A Bial tem 870 trabalhadores e conta com instalações em Espanha (270 pessoas), Itália, Suíça, Moçambique, Angola, Costa do Marfim e Panamá e distribui os seus produtos por mais de 40 países. É esta rede internacional para onde exporta 48,5% das suas vendas, que em 2012 totalizaram 132 milhões de euros, que lhe tem servido como suporte para os tempos anémicos que vive a política do medicamento e da Saúde em Portugal. Aliás a sua empresa viveu os tempos áureos da construção do Estado social na área da Saúde. Aproveitou este balanço e recorreu a massa cinzenta estrangeira para lançar as bases de investigação da Bial, onde criou e desenvolveu dois centros de investigação, um na Trofa e outro em Bilbau (investimento de 12 milhões de euros), onde trabalham mais 100 pessoas, com algumas dezenas de doutorados. Em Janeiro de 2011, tornou-se chairman da Bial, tendo passado as funções executivas para o filho, António Portela, cumprindo-se um dos seus anseios e uma das tradições da Bial.
Aos 63 anos a sua busca pessoal não se limita às curas do corpo, passa também pela espiritualidade e pela compreensão do Homem na sua totalidade. O que foi enfim o seu projecto de vida desde o início.
A paixão pela escrita, pela leitura e pelo conhecimento fazem dele um escritor compulsivo. Ao longo da sua vida já publicou livros como ?Para Além da Evolução Tecnológica”, ?À Janela da Vida?, ?Esvoaçando?, ?O Prazer de Ser?, e mais recentemente ?Parapsicologia, Entre a Crença e a Ciência?. Faz tudo isto com a serenidade de um asceta e diz que durante 30 anos nas empresas nunca gritou com ninguém até porque, como referiu ?os 20 anos de karaté ajudaram a isso, a uma auto-confiança, a uma postura a que se chama controlada?. Da mesma forma contida mas maduramente reflectida que diz que ?o país precisa de focar a atenção na criação de riqueza. Um tipo que cria riqueza é normalmente olhado com desconfiança, quando tero talento de criar riqueza é o que precisamos. Onde a discussão se pode manter é na distribuição da riqueza que se cria, aí podemos discutir muito?. A Fundação Bial foi constituída em 1994 pelos Laboratórios Bial, em conjunto com o Conselho de Reitores das Universidade Portuguesas, para incentivar o estudo científico do Homem, tanto do ponto de vista físico como do ponto de vista espiritual. Assumiu então a gestão do Prémio BIAL, criado em 1984, um dos prémios de maior significado na área da Saúde em toda a Europa, que premeia a investigação básica e a investigação clínica.
João lobo Antunes considera-o ?Prémio Científico muito valioso e prestigiado e interessa-se preferencialmente pelas Neurociências e Psicologia?. Promove igualmente concursos de Bolsas de Investigação Científica orientadas para o estudo neurofisiológico e mental do Homem, nas áreas da Psicofisiologia e da Parapsicologia. Patrocinou já 461 projectos, envolvendo mais de 1000 investigadores em vinte e sete países, de que, até dezembro de 2012, resultaram 594 publicações, das quais 170 em revistas internacionais indexadas com um factor de impacto médio de 3.6 e um número substancial de citações (1675).
Texto: Filipe S. Fernandes