O único alfarrabista de Faro, Carlos Simões, viu-se forçado a encerrar a sua livraria, face a uma ordem de despejo, o que o levou a admitir doar centenas de milhares de livros lá contidos
A livraria da rua do Alportel esteve aberta mais de 20 anos para os clientes que procurassem livros raros, fora de impressão ou fossem apenas curiosos.
«Desempenhei um bom papel em Faro», afirma o fundador da Livraria Simões, que estabeleceu a loja em 1982 (noutro espaço) e que há seis anos abriu um armazém distante do centro da cidade, onde se vai manter, ao mesmo tempo que confessa antever o seu «final de atividade».
Às centenas de milhares de livros — cerca de 500 mil cópias — que diz ainda ter na livraria, assegura «não ter condições psicológicas» para as mudar de local, admitindo por isso doá-las, caso «haja uma autoridade que dê continuidade» ao seu trabalho, como a Câmara Municipal de Faro, em particular através da Biblioteca António Ramos Rosa.
Carlos Simões garante à Lusa que vai continuar no armazém «até cessar atividade», decisão que não gostaria de tomar, mas para a qual tem vindo a ser sensibilizado pela família devido à idade.
Há seis anos «já havia indícios da crise» e começou a vender livros na via pública, perto da rua de Santo António, hábito que mantém pela manhã.