Por volta das três da tarde, do lado de fora do restaurante Bem-Me-Quer, em Lisboa, há uma fila de pessoas. Não querem almoçar. Estão ali na esperança de encontrar os livros para os seus filhos
O preço dos manuais escolares voltou a subir e para muitas famílias, especialmente as que têm filhos no 3º ciclo ou no secundário, o início do ano letivo pode representar um custo superior a 300 euros
Por isso, a menos de um mês do início das aulas, há cada vez mais pessoas a recorrerem aos Bancos de Manuais Escolares, que recebem e entregam gratuitamente livros em segunda mão.
Por volta das três da tarde, do lado de fora do restaurante lisboeta Bem-Me-Quer, na Almirante Reis, há uma fila de pessoas. Ninguém quer almoçar. Estão ali na esperança de encontrar os livros para os seus filhos.
É que neste banco, o mais antigo de Lisboa, a procura dos manuais é feita por dois estudantes num armazém improvisado no 1º andar do restaurante, onde os livros estão arrumados por anos letivos e disciplinas.
Os encarregados de educação entregam a folha com os manuais que procuram e aguardam, ansiosos, à entrada do restaurante pelo regresso de João Alves ou Ruben Henriques: «Quando as pessoas vêm cá e a gente procura e depois chega lá abaixo e diz não temos ou temos poucos, é um bocado triste», lamenta Ruben Henriques, aluno de 15 anos da Escola Gago Coutinho.
O outro voluntário, João Alves, também fica desconsolado quando não tem boas notícias, mas critica especialmente as constantes alterações aos manuais: «Há escolas que pedem livros não muito antigos, de 2013 ou 2014, e nós depois não temos e as pessoas saem daqui um bocado tristes», desabafa.
A maioria dos pais correm todos os bancos até encontrar o que procuram. «Há sempre livros a entrar e a sair» e por isso há pais que aparecem mais do que uma vez, explica Paula Gamito, dona do restaurante e responsável pelo banco da Almirante Reis, um dos cerca de 200 espaços existentes no país.
O banco de Paula Gamito vai estar a funcionar até outubro e, no final, os manuais desatualizados, que se revelem inúteis para os estudantes, voltam a ser úteis. Serão entregues ao Banco Alimentar, que os troca por alimentos.